IKEA promove seus móveis de cozinha com uma família perfeitamente sincronizada

Com uma família que vive em sincronia – e com grande potencial de enjôos nesse caso – a IKEA promove a sua nova linha de móveis para cozinha.

Intitulado “Metod”, o comercial procura demonstrar a flexibilidade dos produtos, que podem ser personalizados e comprados de maneira modular.

É o conceito de “adequado a?s suas necessidades” bem representado visualmente, com os momentos e peças se encaixando enquanto tudo gira feito um relógio.

A criação é da Mother, com “This Head I Hold” do Electric Guest de trilha sonora.

IKEA

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Isso é o que acontece quando Cristiano Ronaldo, Neymar e Rooney não ligam para o que as pessoas pensam

A Nike lançou sua nova campanha para a Copa do Mundo, intitulada Arrisque Tudo, e o comercial acima faz a introdução da assinatura.

Cristiano Ronaldo, Neymar e Rooney são mostrados sob pressão por todos os lados, dos torcedores e da mídia, e mesmo assim se mostram inabaláveis. Segundo o conceito da marca, é isso que os torna lendas do futebol

A criação é da Wieden + Kennedy.

[ATENÇÃO: O título deste post está em conformidade com a nossa nova política editorial. Saiba mais.]

Nike

Os principais clichês dos comerciais em apenas um vídeo

Mesmo com bons exemplos para nos surpreender, algumas estratégias publicitárias já se tornaram tão batidas que viraram clichês. São buzzwords em letras garrafais, trens e metrôs simbolizando o progresso, cientistas de jaleco em referência à tecnologia científica, carros circulando pelas ruas das grandes cidades para dar a impressão de velocidade e timelapses representando o tempo que passa. Tudo isso com uma voz grave narrando o que seriam os os principais pilares da empresa. Exceto que, nesse caso, é apenas uma grande tiração de sarro. 

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Com base em um poema de Kendra Eash, a Dissolve usou seu próprio banco de dados de clipes HD para retratar como seria um ‘comercial genérico’, reunindo alguns dos principais lugares comuns da publicidade.

Sarcasticamente, o comercial da marca provoca os criativos a fazerem ‘algo mais’ com o material fornecido pela empresa – que, afinal, não precisa ser usado apenas para retratar clichês.

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“A sua vida não é light, mas o seu Miojo é”: Nissin-Ajinomoto estreia três novos comerciais

Continuando o posicionamento iniciado pelo coral de homens no início do mês, a Nissin-Ajinomoto promove o Miojo Light com três novos filmes voltados para o público feminino,

Cada um representa, com bom humor, situações em que os homens complicam a vida das mulheres, assinando com “A sua vida não é light, mas o seu Miojo é”. A abordagem e a boa produção dão uma renovada em piadas já tão maltratadas pela publicidade.

A criação é da F/Nazca Saatchi & Saatchi.


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Samsung bate no iPad, Kindle e Surface em um mesmo comercial

Para promover seu Galaxy Tab, a Samsung faz piada com os principais concorrentes em 60 segundos. Exibe e cita nominalmente os adversários, e ao mesmo tempo que promove as funções de seu gadget, mostra que o iPad não é multitarefa, o Surface tem teclado e mouse, e o Kindle só serve pra ler livros.

Há quem critique o comportamento babaca dos usuários Samsung no vídeo, algo que vem se repetindo em diversas campanhas da marca. Porém, ainda admiro o humor e tom provocativo, que muitas vezes rende respostas dos rivais.

A criação é da agência McKinney.

Samsung

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Um fantástico comercial para a Tesla, feito com apenas 1.500 dólares

Não é preciso uma grande produção, nem um orçamento vultuoso, para passar uma boa mensagem. Essa é a lição dada pela Everdream, uma produtora criada por dois recém-formados, que com apenas 1.500 dólares, algumas câmeras e um bocado de criatividade conseguiu fazer um comercial para a Tesla que impressionou até mesmo Elon Musk, CEO da marca.

 

O vídeo mostra um inventivo garotinho que, ao sentar no banco do motorista de um carro da Tesla, se imagina pilotando uma espaçonave. A produção toda foi caseira – a gravação foi feita em Alamo, na Califórnia, na casa do pai de um dos amigos dos fundadores da Everdream, que tem um Tesla. Os pouco mais de mil dólares investidos foram usados para hospedar, alimentar e transportar a equipe de 15 pessoas, que ficou responsável pelas tomadas de vídeo.

“Por que as marcas ainda estão gastando mais de 2 milhões de dólares em um comercial? Esse filme foi produzido profissionalmente por apenas 1.500 dólares. Lógico que pedimos muitos favores para a nossa equipe, mas ainda assim, conseguimos criar um conteúdo melhor, mais rápido e mais barato. Imagine o que poderíamos fazer com uma verba de 250 mil dólares!”, defendeu James Khabushani, co-CEO da Everdream, que acabou de se formar em administração, em dezembro passado.

É bom lembrar que a Tesla não investe em publicidade, nem mesmo tem uma agência que cuide da sua imagem no mercado. Portanto, não foi à toa que Elon Musk ficou impressionado. Além de ter sido produzido por fãs da marca, é um comercial de boa qualidade e feito na faixa. A Everdream também não sai perdendo – podem descolar em breve um contratinho com a Tesla.

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Comercial de “Titanfall” mostra como é a vida tendo o seu próprio robô gigante

Depois de muita espera e beta testes, o elogiado “Titanfall” será lançado amanhã para Xbox One e PC.

O comercial criado para promover a produção da Respawn Entertainment mostra como a vida é muito mais legal quando acompanhada de um robô gigante pra chamar de seu.

A criação é da Wieden + Kennedy.

Titanfall

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Homenidade: Old Spice estreia sua primeira campanha brasileira

Para anunciar sua chegada no mercado brasileiro, a Old Spice traz em sua primeira campanha por aqui o conceito do “homem Homem”. Segundo a marca, é aquele que tem “cara?ter, dignidade, honra e respeito, que se cuida, mas sem exageros.”

O comercial “O Chamado” tenta evocar o estilo nonsense que se tornou característico das campanhas de Old Spice no exterior, e traz uma legião de homens atendendo a convocação do desodorante que chega de navio. O ator Malvino Salvador protagoniza o filme, e deve fazer às vezes de Isaiah Mustafa na comunicação da marca.

A campanha incentiva ainda o uso da hashtag #ATENDAAOCHAMADO, e traz o site homenidade.com.br

Criação das agências Grey e Wunderman.

Old Spice
Old Spice

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A vida de uma menina destruída um segundo por dia

Diversos vídeos do tipo 1 segundo por dia fizeram sucesso nos últimos anos, até com a existência de aplicativos que facilitam o trabalho. Utilizando essa estrutura, a ONG britânica Save The Children criou um poderoso comercial que alerta sobre a situação das crianças na Síria, onde mas de 11 mil foram mortas e 11 milhões se tornaram refugiadas.

No filme, acompanhamos o cotidiano feliz de uma menina em Londres, que captura um segundo de sua vida todos os dias. O início de uma guerra, porém, muda tudo, e ela passa de um aniversário alegre entre a família e amigos, para um comemorado numa barraca militar.

Criada pela agência Don’t Panic, a campanha assina com a frase: “Na?o e? porque na?o esta? acontecendo aqui, que na?o esta? acontecendo”, em uma tentativa de fazer a crise na Síria parece menos remota do que parece.

Save Syria
Save Syria

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“You Need To See This”: Samsung mostra que para cada momento existe uma tela

Esse comercial é a antítese do que discutimos no “Braincast 99 – Um vi?cio chamado internet”. Pessoas conectadas 100% do tempo, vendo a vida através de telas, e mais preocupadas com dispositivos do que com o momento.

Obviamente, isso tudo não precisa necessariamente ser encarado como algo ruim. As opiniões são divergentes, e aqui a Samsung enfoca o lado prático e social da vida digital.

Em “You Need To See This”, acompanhamos diferentes grupos de pessoas se relacionando com os gadgets, ao mesmo tempo que dividem as experiências com quem está ao redor. Toda interação, é seguida do chamado: “Voce? precisa ver isso”.

A marca assina mostrando como possui toda uma linha de produtos que permitem total integração de conteúdos e diferentes formas de consumo. Em outras palavras: Para cada momento, existe uma tela.

A criação é da 72andSunny.

Samsung
Samsung
Samsung

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“We’re All Storytellers”: Google veiculou comercial durante o intervalo do Oscar

Durante o intervalo do Oscar, na noite de ontem, o Google veiculou um belo comercial dizendo que todos somos contadores de história.

“We’re All Storytellers” traz um trecho do discurso que Andrew Stanton, da Pixar, deu no TED, em 2012. Stanton, que ganhou Oscar’s por “Wall-E” e “Procurando Nemo”, fala de como as histórias são imprevisíveis, e que nascemos para contá-las.

Enquanto isso, seguem cenas de ferramentas do Google sendo utilizadas por jovens cineastas amadores, assinando com “Search On”.

Oscar Google

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Snickers mostrará o Godzilla amigo da galera no intervalo do Oscar

Em um comercial que será veiculado durante o intervalo do Oscar, no próximo domingo, a Snickers aproveita novamente o conceito “Voce? na?o e? voce? quando esta? com fome”.

O protagonista é Godzilla, em uma veiculação casada com a Warner Bros., que irá estrear o novo filme do monstro em 16 de maio.

No comercial ele é o amigo da galera, tomas umas, dança em festas, joga tênis e paquera garotas. Mas é na hora da fome que ele não se controle e começa a destruir Nova York.

Dentro das referências cinematográficas, recentemente a marca veiculou um anúncio com Gremlins.

A criação é da BBDO.

Godzilla

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Pepsi apresenta mini-latas através de frases famosas do cinema

No intervalo do Oscar, no próximo domingo, a Pepsi vai apresentar suas mini-latas com um comercial que faz referência a diversas frases famosas do cinema.

Um assistente de produção precisa entregar o refrigerante para o ator Cuba Gooding Jr – não que ele mereça, considerando o tanto de filmes ruins que anda fazendo – e percorre um estúdio em que todo o elenco só se comunica através de sentenças clássicas de Hollywood.

A campanha assina com “Little Can. Epic Satisfaction.”, e a estratégia da Pepsi é apelar para o emocional, e não para a contagem de calorias, que é o comum para esse tipo de produto miniatura.

Criação da Mekanism.

Pepsi

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Lipton convoca Os Muppets para apresentar novo posicionamento global

A Litpon vai estrear seu novo posicionamento global durante o intervalo do Oscar, no próximo domingo. A assinatura “Be More Tea” pretende incentivar os consumidores a saírem do piloto automático, e curtirem a vida de forma mais tranquila.

O conceito é batido, mas a execução chama atenção ao utilizar Os Muppets como protagonistas. Kermit, o Sapo (ou Caco para os brasileiros da antiguidade), enfrenta a correria de Nova York para encontrar Miss Piggy, enquanto encontra pelo caminho várias versões estressadas do Animal.

Criado pela adam&eveDDB e produzido pela Biscuit Filmworks, o comercial conta com efeitos digitais da Framestore. O estúdio replicou mais de 100 Muppet's a partir de apenas três bonecos físicos.

Lipton Muppets
Lipton Muppets
Lipton Muppets

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Atletas paralímpicos agradecem suas mães em novo filme da P&G

Prepare a caixa de lenços e respire fundo antes de apertar o play de Tough Love, novo filme da campanha Obrigado, Mãe, da P&G. Desta vez, o agradecimento vai para as mães dos atletas paralímpicos, bem a tempo do início dos Jogos Paralímpicos de Inverno de Sochi.

Tough Love usa a mesma fórmula dos comerciais anteriores, mas de alguma maneira, consegue ser ainda mais profundo ao revelar que por trás de um super-humano geralmente há uma super-mãe, capaz de encorajar seu filho a superar seus próprios limites. Uma mãe que sabe que tão importante quanto proteger seu filho, é dar a ele todas as condições para que ele seja livre. Ainda que, para isso, tenha de usar um pouco de “tough love”.

Mais uma vez, a criação é da Wieden+Kennedy de Portland.

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Tentar um beijo é como saltar de um prédio, mostra Lacoste em novo comercial

Campanhas de grifes de moda costumam apostar no abstrato e no onírico, deixando o espectador com cara de “nhé” na maioria das vezes.

Em sua nova campanha, a Lacoste faz um pouco disso para representar o momento em que um homem se arrisca e tenta beijar uma mulher. O resultado, porém, é bem mais empolgante que a média do segmento.

O comercial – “The Big Leap” – faz uma analogia entre a manobra arriscada (do beijo) com o salto de um edifício rumo ao desconhecido, em uma incrível aventura visual, assinando com “Life is a beautiful sport”.

Criação da BETC Paris.

Lacoste
Lacoste
Lacoste

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Coca-Cola e o Racismo: o caso do Super Bowl

O Super Bowl acabou e, como é todo ano, uma série de propagandas de alto calibre criativo invadiu a televisão e o YouTube. Contudo, um fato que passou desapercebido por muitos brasileiros foi a repercussão da propaganda da Coca-Cola, intitulada “It’s Beautiful”, criação da Wieden & Kennedy.

O nome da peça é uma referência à trilha sonora do comercial, “America The Beautiful”, uma das mais tradicionais e patrióticas músicas da cultura estadunidense. Se você ainda não viu o post sobre o vídeo aqui no B9, podem conferir o vídeo abaixo.

Contudo, o que tomou muitos americanos por surpresa foi o fator diferencial principal da propaganda: após os primeiros versos, cantados no original em inglês, os versos seguintes são cantados em outras línguas, como espanhol, árabe, hindu, francês, mandarim, hebraico e tagalo. Eu gostaria de ser bairrista e perguntar “onde diabos está o português?”, mas tudo bem, dessa vez passa.

A Coca-Cola partiu da ideia dos EUA como um país diversificado, heterogêneo, formado por imigrantes e para imigrantes

A recepção da propaganda não poderia ser mais bizarra: enquanto alguns amaram, houve também uma enxurrada de tweets malucos de americanos indignados pela proposta da campanha. O Tumblr Public Shaming, já conhecido por compilar “vergonhas alheias” internéticas, reuniu algumas das pérolas. Recomendo fortemente que você perca seu tempo lendo, para dar umas boas risadas.

Tem de tudo: desde americanos dizendo que nunca mais tomarão o refrigerante até indivíduos super militantes, dizendo que “na América se fala inglês” – com uma grafia digna de uma criança em fase de alfabetização! A lista de tweets de pessoas que claramente não sabem a diferença entre “You’re” (“você é” ou “você está”) e “Your” (“seu”) é risível, especialmente quando são pessoas que exigem que tal música seja cantada em inglês.

Lembro que meu pai fazia uma piada, quando eu era criança. Ele dizia que nos EUA as crianças eram mais inteligentes, pois elas já falavam inglês desde novinhas. Bobeiras à parte, quando você reclama que brasileiro não sabe escrever em português (basta ver sua timeline no Facebook), saiba que isso não é só problema de ~terceiro mundo~. Mas isso é outro assunto.

America

A Coca e sua proposta Glocal

???O conceito da peça parece ir ao encontro da já conhecida proposta “Glocal” (Global +Local) da Coca-Cola: sendo uma marca poderosa no mundo todo, busca, através de algumas estratégias específicas, uma identificação com o público da região. Como exemplo disso, temos a famosa lata azul do refrigerante, que circula durante o Festival de Parintins, no Amazonas, evento este no qual a Coca-Cola patrocina, podendo assim ser mais aceita pelo público que torce para o Boi Caprichoso, de cor azul, rival do Boi Garantido, de cor vermelha.

Harmonia só ocorre entre elementos diferentes. Um instrumento que toca apenas uma nota não produz música

Outro exemplo marcante vem da China, na adaptação do nome da marca naquele país. De forma a tentar manter a sonoridade do nome, e tendo em vista a dificuldade que a língua chinesa traria na pronúncia do “Coca-Cola”, foi realizado um interessante trabalho de naming para encontrar-se um equivalente fonético do nome original. O resultado é que para se pedir uma Coca- Cola em chinês você deve falar que quer uma “ko-kou-ko-le”, que significa algo próximo a “felicidade na boca”. (Ouça a pronúncia aqui, é divertido.)

E como a nova propaganda é Glocal?

Já não é novidade as estratégias que a Coca-Cola elabora em suas campanhas para associar sua marca a valores específicos de alta aceitação: família, felicidade, harmonia, amor. Mas como fazê-lo no seu país de origem durante um dos eventos que mais patrióticos do ano e, se possível, causa impacto?

A solução, ao meu ver, foi muito interessante. Ao invés de partir da ideia dos EUA como um país unificado e homogêneo, com bandeira estrelada tremulando ao fundo e modelos maravilhosos de queixo quadrado e figuras esguias (uma clara distorção do padrão físico norte- americano – basta viajar para lá e ver com os próprios olhos como são as tais “pessoas comuns”), partiu-se da ideia dos EUA como um país diversificado, heterogêneo, formado por imigrantes e para imigrantes.

Quem conhece a história das propagandas da Coca sabe que essa proposta não é exatamente uma novidade, mesmo nos EUA. Em 1971, a dupla Harvey Gabor e Bill Baker, duas lendas da publicidade estadunidense, criaram a peça “Hilltop” (“Topo da Colina”), na qual pessoas de várias etnias seguravam suas Coca-Colas na mão, cantarolando versos como “Eu gostaria de ensinar o mundo a cantar em perfeita harmonia; Eu gostaria de comprar uma Coca para o mundo e fazê-lo companhia – that’s the real thing”.

?(Nota: recomendo que confiram o Project Re:Brief, idealizado pelo Google, no qual a dupla Gabor e Baker se reuniu novamente em 2012 para refazer a campanha, utilizando o mesmo conceito, mas com as possibilidades que tecnologias atuais, especialmente a internet, oferecem)

Coca-Cola

O interessante desta propaganda da Coca-Cola então está na sua ousadia de ir contra a maré de clichês patriotas. Ao invés de símbolos visuais já estabelecidos e facilmente identificáveis como nos exemplos anteriores, a propaganda da Coca-Cola apostou nos valores de união pela diferença, apostando que a diversidade pode, sim, ser sinônimo de felicidade e harmonia. Faz sentido: harmonia só ocorre entre elementos diferentes. Um instrumento que toca apenas uma nota não produz música. Ou até produz, mas ela será chatíssima.

É então Glocal sim, no seu próprio país de origem, apostando na ideia já esquecida por muitos americanos que eles são um país que devem muito à imigração. As reações pelas redes sociais são claras desse esquecimento. Contudo, se você ainda não se convenceu que, mesmo sendo fórmula antiga, a Coca foi contra o clichê, vejamos algumas comparações com outros comerciais que saíram na mesma noite.

PatriotismoS

É uma proposta ousada, especialmente quando comparada com as estratégias de outras propagandas que utilizaram o tema do patriotismo em seus conceitos. Pelo ranking divulgado pelo AdMeter, já comentado em outro post aqui no B9, vemos que as três primeiras propagandas de mais alto escore usaram temas patrióticos – alguns mais sutis, outros nem tanto.

Peguemos a propaganda com mais alto índice de sucesso (8.29, de 0-10), a peça “Puppy Love”, da Budweiser. Nela, temos música country, fazendeiro (texano?), e a incansável história da amizade verdadeira – dessa vez, entre um cachorro, um (uns) cavalo(s) e seu dono. Este, aliás, é obviamente branco, queixo quadrado, tem todos os dentes, e uma esposa magra, branca, e loira. Loiríssima. O dia que eu ver um casal de fazendeiros estadunidenses desse jeito, eu “tiro meu chapéu”. (mas ok, eu gostei da propaganda, não tenho coração de pedra)

America

A segunda propaganda no ranking é a “Cowboy Kid”, da Doritos. Nele, temos outros elementos tipicamente americanos: casa de subúrbio, mãe voltando das compras, a SUV, e os filhos brincando de cowboy. E, afinal, o que é mais americano que uma criança branca, loira, brincando de cowboy, enlaçando seu irmão, também loiro, todos felizes correndo pelo gramado verde sem grades no subúrbio? Estereótipo atrás de estereótipo. (ok, eu também achei divertidinha, mas pô, né?!)
??
?A terceira propaganda no ranking é, neste cenário, a mais emblemática: outra da Budweiser, chamada “A Hero’s Welcome” (“A recepção do Herói”), utilizando o velho recurso do soldado que volta da guerra para seu lar. Não, ele não estava em uma guerra (guerra?) sem sentido. Não, ele não estava sofrendo as consequências de uma administração desastrosa como foi a do governo Bush. Ele é um herói.

É, na minha opinião, a propaganda mais fraca. Pura apelação emocional a um assunto que ainda é difícil de se lidar para muitos americanos. O vídeo é pura emoção barata: a esposa (branca, loira, magra todos os dentes branquíssimos etc.) que o recebe, a SUV, a cidade pequena acolhedora, os cartazes nas cores da bandeira, o desfile etc. Ao final do vídeo, lemos os dizeres “Todo soldado merece uma recepção de herói”. Em seguida, vem a sugestão de hastag “Salute a Hero”.

Claro, a Budweiser é famosa em suas propagandas no passado por apelar para esse patriotismo militar. Você lembram dessa, de 2006, na qual os soldados retornantes eram aplaudidos no aeroporto?

(cabe a menção de dois comentários que li nesse vídeo. Um usuário disse: “isso é errado em tantos níveis que acho que ficarei doente”. Prontamente, outro usuário responde: “vá ficar doente em outro país então”.)

Honestamente, eu não sei dizer o que é mais bizarro nesse tipo de campanha: seria o fato de muitos americanos ainda apoiarem as manobras militares americanas, mesmo após o desastre que foi a administração Bush (afinal, se não houvesse aceitação, a Budweiser já teria mudado sua estratégia)? Ou seria a tentativa de relacionar o arquétipo do “Herói”, personificado na figura do soldado, ao cidadão comum que só quer ficar em casa e tomar cerveja vendo TV? Ou seria a curiosidade (pelo jeito desconhecida por muitos americanos) de que Budweiser é agora uma marca brasileira, já que a Ambev a comprou em 2008?

Cabe a menção de que, de acordo com o AdMeter, a propaganda “It’s Beautiful” da Coca- Cola ficou em 17º lugar, com um escore de 6.06. Já em outro ranking, o do BrandMagz, também já comentado aqui no B9, algumas posições mudam. O vídeo da Coca passa a 3ª posição, ficando atrás apenas do “Puppy Love” (Budweiser, que leva neste caso os dois troféus) e do trailer dos “Transformers: Age of Extinction” (que, né?).

America

Por que essas diferenças?

Primeiro, temos que lembrar dos métodos adotados para cada análise. O AdMeter, mantido pelo jornal USA Today, define seus escores baseados em notas dadas por milhares de pessoas participantes de focus groups, durante a transmissão do Super Bowl. Assim que assistem a um comercial, eles dão suas notas, que podem ir de 0 a 10. Podemos então assumir que é uma forma de análise de recepção de qualidade da propaganda no cenário offline.

Já a BrandMagz busca acompanhar a quantidade de compartilhamento que cada propaganda recebe em redes sociais. Logo, seu foco é o online, o que informa uma taxa de amostragem muito maior: enquanto o AM lida com alguns milhares, as estatísticas da BM trabalham com centenas de milhares. Comparando os dois rankings, temos um quadro curioso: por um lado, a propaganda “It’s Beautiful” da Coca-Cola teve uma qualidade mediana. Por outro lado, foi muito compartilhada e, provavelmente, bastante discutida.

A língua é um dos primeiros capitais simbólicos que adquirimos. Com ela, demarcamos nosso lugar e nosso país

Chama também a atenção o caso do trailer dos “Transformers: Age of Extinction”. Enquanto ele ficou rankeado em 2º lugar na BM, sendo computados mais de 180 mil compartilhamentos, no AM ele tirou a ínfima nota de 4.61. Talvez, isso pode ser um indicativo de que, no fim das contas, por mais precisas que as estatísticas tentam ser, os dois núcleos de pesquisa estão trabalhando com públicos diferentes.

Nessas horas, é bom lembrarmos o velho ditado popular: qualidade não é exatamente quantidade. Sendo assim, milhões de pessoas podem ter compartilhado o vídeo da Coca simplesmente para xingarem muito no Twitter. Ou Facebook. Ou Google Plus. Enfim, vocês entenderam a ideia. E, claro, o mesmo vale para o filme dos Transformers. Afinal, quem realmente acha que foi uma boa ideia botar o Mark Wahlberg no meio de robôs gigantes?

Mas já que estamos surfando na onda dos clichês, vamos também lembrar que tem gente que acredita que “não existe má propaganda”. Neste caso, talvez “qualidade” e “quantidade” se misturem. Causou-se um buzz, ao menos em terras norte-americanas, e isso é indiscutível. Mas o que ele nos diz?

Publicidade como política

Voltando ao caso da Coca-Cola. É inegável que os comentários selecionados pelo tumblr Public Shaming assustam – assim como alguns comentários no YouTube. Se vocês duvidam, vejam esse comentário que acabou de aparecer no vídeo, enquanto escrevo esse texto (o comentário foi postado há 14 minutos). Na tradução, tentei manter as maiúsculas originais do texto do autor, assim como sua pontuação “de primeiro mundo” (só corrigi alguns erros de escrita, porque paciência tem limites):

“PARA TODOS OS LIBERAIS AMANTES DE Obama POR AÍ… Obama É NOSSO INIMIGO, ELE FOI CRIADO COMO UM COMUNISTA/MUÇULMANO… ELE FOI ENSINADO DESDE A INFÂNCIA A ODIAR A AMÉRICA E TUDO O QUE ELA REPRESENTA, AMBOS SEUS PAIS FORAM COMUNISTAS DEVOTOS. SEU OBJETIVO É DESTRUIR ESTE PAÍS E ATÉ O MOMENTO ELE ESTÁ CONSEGUINDO. ANTES DE SER ELEITO SEUS MELHORES AMIGOS ERAM TERRORISTAS CONHECIDOS E RACISTAS COMO BILL AYERS (TERRORISTA) AL SHARPTON (RACISTA, MENTIROSO, INTOLERANTE, PREGADOR MUÇULMANO CONTRA A AMÉRICA). OBAMA DECLAROU, ELE VAI FICAR AO LADO DOS MUÇULMANOS ATÉ O AMARGO FIM. ELE ESTÁ DO LADO DO NOSSO INIMIGO, UM TRAIDOR, ELE É UM MEMBRO DE UMA IRMANDADE MUÇULMANA UMA ORGANIZAÇÃO TERRORISTA QUE ELE APOIA TANTO FINANCEIRAMENTE (COM DINHEIRO DOS CONTRIBUINTES) E COM ARMAS (F-16s, CAMINHÕES, ARMAS, DINHEIRO) TUDO PARA SER USADO PARA MATAR AMERICANOS. O MAIOR INIMIGO QUE NÓS ENFRENTAMOS ESTÁ NA CASA BRANCA… ELE DEVE SER PARADO, ELE É O INIMIGO. ACORDE AMÉRICA, PARE DE PROTEGER ESTE TIRANO”

Sim, eu sei, eu fiz a besteira de “ler os comentários”, um dos maiores pecados da internet. Ainda assim, isso diz algo. Este comentário selecionado não é o único: há vários usuários comentando ora seu apoio à mensagem da propaganda, ora seu desprezo. Se fosse para chutar, eu diria que a maior “ofensa” para esses estadunidenses que se enfezaram com a propaganda foi o trecho cantado em árabe. Talvez, se essa parte fosse tirada e cantada, sei lá, em português, não haveria tanto ódio. Não digo que não haveria, mas seria menos.

?Devemos entender aqui que, para o americano que foi lá e xingou muito no twitter, o fato de terem cantado uma das músicas mais patriotas do seu país em outras línguas, houve realmente um sentimento legítimo de agressão simbólica. Sendo uma delas o árabe, o impacto foi mais agressivo. Em outros tempos, teria sido cantar em alemão. Em outros, em russo. E por aí vai.

Quem sabe uma consciência política não seja a solução plausível para a onda infindável de clichês que nos invadem todos os dias?

A língua é um dos primeiros capitais simbólicos que adquirimos. Com ela, demarcamos nosso lugar e nosso país. Os sotaques, trejeitos, gírias e semânticas demarcam nossos locais de origem – que podemos ter orgulho ou não. Contudo, o centro da discussão está numa certa miopia social do próprio americano sobre seu país. Ideias confusas sobre o que é (ou deve ser) um estado democrático e quem tem maior capital simbólico que o outro.

Vale aqui uma adaptação da máxima de George Orwell, em “A Revolução dos Bichos”: todos são iguais, mas uns são mais iguais do que outros. Com a reprodução dos estereótipos que os meios de comunicação de massa americanos insistem em realizar (como no caso das propagandas da Budweiser) e transmitir para o resto do mundo, especialmente para eles mesmos, não é difícil de concluir que a mensagem passada é: “o mínimo para ser americano é falar inglês”. Ser branco heterossexual ajuda. Num país formado historicamente por imigrantes, e que deve muito a eles, uns são realmente mais iguais do que os outros.

É essa a mensagem que, ingenuamente ou não, foi passada nas principais propagandas do Super Bowl. Qualquer coisa que fuja desta norma recebe resistências – e não são brandas, como pudemos verificar. Aí está o ponto de diferenciação e ousadia da campanha da Coca-Cola. Algo tão naturalizado, quanto a necessidade de se falar o inglês para ser americano, foi questionado. Para enfatizar o questionamento, a música cantada era um dos maiores símbolos de patriotismo. Neste ponto, a campanha é conceitualmente brilhante.

America

Às vezes, gostamos de nos enganar achando que estamos num mundo globalizado e que o preconceito está diminuindo. Ações publicitárias assim servem de termômetro para vermos que a coisa não está exatamente como gostaríamos que estivessem. É como uma publicidade com atuação social reversa: ao invés de acreditar cegamente no poder transformador que uma mensagem no meio de massa pode ter, talvez seja mais interessante analisarmos as suas formas de recepção e repercussão – como um espelho bem grande que podemos jogar sobre nós mesmos de tempos em tempos.

Gostamos de nos enganar achando que estamos num mundo globalizado e que o preconceito está diminuindo

Cabe a nós, criativos, produtores de conteúdo, ou “meros consumidores” sabermos olhar para esse tipo de repercussão como uma forma de atuação política, e sabermos nos posicionarmos contra ou a favor. Podemos apostar no clichê patriota (e as inúmeras campanhas pró-Brasil em tempos de Copa chegando são exemplos disso), mas podemos às vezes incitar o debate.
?
Não quero também dizer com isso a Coca-Cola é boazinha. Para mim, continua sendo um refrigerante que já me deu duas pedras no rim e que, ainda assim, não consigo parar de tomar. Contudo, espero, sinceramente, que mais campanhas com esse potencial social surjam no futuro, para que possamos cada vez mais ter consciência do potencial político da publicidade – mesmo em peças aparentemente “banais”, como de um salgadinho, de um refrigerante ou de uma cerveja (aliás, notaram se mudaram as propagandas de cerveja no Brasil, de 10 anos para cá?).

Quem sabe uma consciência política não seja a solução plausível para a onda infindável de clichês que nos invadem todos os dias? Ideologias acerca do papel social da mulher, do homem, dos negros, dos estrangeiros, dos gays, dos heteros, tudo isso permeia os produtos dos meios de comunicação de massa. Restam aos clientes e comunicadores decidirem o que fazer com isso. E, principalmente, como fazer.

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Bob Dylan estrela comercial da Chrysler no Super Bowl

Depois de Clint Eastwood e Eminem nos anos anteriores, a Chrysler trouxe Bob Dylan como seu porta-voz no comercial para o Super Bowl.

É o mesmo papo patriótico de sempre, se orgulhando de um carro feito na América: o novo Chrysler 200. Dylan aparece e narra frases como: “Deixe a Ásia fazer o seu smartphone. Nós construiremos o seu carro”.

Há quem ainda se assuste com um cara que foi tão contra-cultura protagonizando campanhas publicitárias, mesmo ele já tendo feito isso várias vezes. Apenas que, certamente, essa é a mais marcante delas.

Bob Dylan

>> Confira nossa seleção de comerciais do Super Bowl 48

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Smart tenta vencer terrenos íngremes em comercial no Super Bowl

Em mais um comercial com (bom) humor auto-depreciativo neste Super Bowl, a Mercedes-Bens faz piada com o seu Smart, na versão elétrica. Mostra o carro tentando subir “montanhas” e ultrapassar terrenos comuns em filmes de modelos off-road.

Finaliza dizendo que imaginar um carro elétrico nesses locais, é tão ridículo quanto ter uma SUV na cidade.

Smart

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Personagens dos anos 1980 saqueiam RadioShack

Com humor auto-depreciativo, a RadioShack anuncia a renovação de suas filiais. Um atendente desliga o telefone, e avisa o colega ao lado: “Os anos 80 ligaram, querem sua loja de volta”.

Em seguida, dezenas de personagens da época invadem o local e levam tudo. No fim, o comercial apresenta a RadiShack modernizada.

RadioShack

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Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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