Mídias sociais, email, vídeo e busca concentram tempo gasto na web

Talvez você já tenha percebido esse comportamento, mas agora os dados comprovam. Segundo uma pesquisa feita pelo IAB em parceria com o instituto de pesquisa GfK, os norte-americanos gastam grande parte do seu tempo online conferindo o Facebook e o Twitter: eles investem em média 37 minutos diários conferindo redes sociais na web, e cerca de 29 minutos por dia organizando seus emails.

O consumo de vídeo online, que inclui tanto programas de TV disponíveis na internet, filmes,  vídeos amadores ou curtas para plataformas online – aparece na 3ª colocação, abocanhando 23 minutos diários de atenção, seguido pelas buscas (23 minutos), jogos online (19 minutos) e blogs (8 minutos).

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O tempo investido na leitura de jornais e revistas online é surpreendentemente baixo – os webspectadores ficam cerca de 5 minutos em sites de jornais digitais e em média 3 minutos lendo algum artigo em revistas online.

O estudo também destacou que o tempo diário gasto com TV sofreu consistentes quedas – saiu de 5:27 minutos em 2010 para 5:03 minutos em 2013 – enquanto a internet têm ganhado cada vez mais atenção, saindo de 24% dos minutos investidos em mídia em 2010 para 28% em 2013.

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O relatório completo pode ser conferido no site do IAB.

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Selfie e Hashtag ganham verbetes no dicionário Merriam-Webster

A linguagem é algo que evolui com o tempo, e dicionários não podem deixar que novas palavras passem despercebidas e mal explicadas. Na atualização deste ano do Merriam-Webster, entre os 150 novos verbetes adicionados estão as palavras Selfie e Hashtag, que segundo a própria publicação, refletem a crescente influência da tecnologia no nosso cotidiano.

Selfie: uma imagem de alguém, feita por ela mesma, usando uma câmera digital, feita espeficicamente para postar em redes sociais”

Outras expressões, como crowdfunding (traduzida como ‘financiamento coletivo’), big data, gamification, hot spot, paywall e unfriend também irão estrear no dicionário norte-americano neste ano. “Selfie e hashtag referem-se aos modos como nós nos comunicamos e compartilhamos informações como indivíduos. Palavras como crowdfunding, gamification e big data mostram como a internet já alterou o mundo dos negócios de forma muito profunda”, comenta Peter Sokolowski, editor do Merriam-Webster.

A dicionarização de palavras desse tipo também facilita a vida dos repórteres, que podem aos poucos deixar de colocar apostos que explicam os termos. Grosso modo, podemos dizer que algumas buzzwords acabaram se ‘graduando’ e se transformaram em expressões moderninhas e dicionarizadas.

Quem se interessar pode conferir algumas das outras palavras adicionadas ao Merriam-Webster em matéria na Time.

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Estamos cada vez mais impacientes, nem aguentamos ouvir uma musica inteira

Chamar a geração de impaciente nem é uma crítica nova. Há anos se ouve falar do imediatismo e da instantaneidade dos jovens, e do quanto a nossa capacidade de concentração está cada vez menor.

Esses dados do Spotify, no entanto, são um pouco alarmantes: estamos tão impacientes que não aguentamos ouvir uma música inteira. Segundo o streaming de música, quase 25% de todas as músicas são puladas logo nos 5 primeiros segundos, o que eu gosto de pensar que é a versão musical de zapear por canais de TV. No entanto, mais de 33% das canções são ouvidas por apenas 30 segundos, e quase metade de todas as músicas são puladas em algum momento antes do final.

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% da música que foi ouvida

 

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Segundos da música tocados antes do skip

Passar dos 12 segundos ouvidos é um sinal de comprometimento – depois desse período, a tendência é que a música seja ouvida até o final. E, como era de se esperar, os adolescentes são os que menos têm paciência: a grande maioria deles pula canções com frequência. Curiosamente, os mais velhos também estão entre os que mais apertam o botão de ‘forward’.

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Comportamento por idade

 

Paul Lamere, diretor da Echo Nest e organizador desses dados, acredita que esse comportamento tem mais a ver com o tempo livre disponível do que com a faixa etária. “Os adolescentes têm mais tempo, enquanto os adultos de 30 e poucos, com seus filhos pequenos e trabalhos, não têm tempo para ficar cuidando do seu player de música”, especula ele. Isso também é uma verdade durante os fins de semana – enquanto os usuários não estão trabalhando, o índice de ‘puladas’ de música aumenta.

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Comportamento por hora do dia

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Comportamento por dia da semana

No entanto, uma outra teoria sugere que os adolescentes estariam usando a conta do Spotify dos seus pais (espertinhos!), o que gera essa quebra de padrão.

Para Lamere, esses dados evidenciam que quanto maior o engajamento do ouvinte com o tocador de música, maior é a chance de ele pular uma determinada canção. “Quando a música está tocando para preencher o ambiente, como quando estamos trabalhando ou relaxando, ‘pulamos’ menos canções”, argumenta ele. “Quando temos mais tempo livre, como quando somos jovens, ou estamos em casa depois do trabalho, ou durante um fim de semana, queremos selecionar melhor o que vamos ouvir, e pulamos mais músicas”, conclui.

Dá até saudade daquela época em que você apertava o ‘forward’ do Winamp sucessivamente, e tinha tempo livre…

(ps: não me venham com ‘Winamp foi descontinuado’. Winamp ainda vive, graças à Radionomy)

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“Look Up” mostra como as redes sociais nos tornaram menos sociáveis

No ano passado, nós mostramos aqui no B9 The Innovation of Loneliness, um vídeo que mostra que independentemente do número de amigos que temos nas redes sociais, a verdade é que nunca estivemos tão sozinhos. Teve, também, o curta I Forgot My Phone, um retrato bastante realista do tipo de interação que mantemos uns com os outros na era digital.

A esta lista, agora podemos acrescentar Look Up, curta escrito, dirigido e estrelado por Gary Turk que mostra como as redes sociais nos tornaram menos sociáveis. O conceito é muito parecido com os anteriores, mas neste caso, o foco está em uma história de amo vivida em um mundo em busca de formas mais fáceis de conectar as pessoas, mas que no final das contas acaba resultando, na prática, em mais tempo que passamos sozinhos.

Às vezes eu me pergunto se não vivemos em uma “era do mi-mi-mi”, em que temos uma pré-disposição (e muitos meios disponíveis, é claro) para reclamar de absolutamente tudo. Eu mesma me pego fazendo isso de vez em quando, querendo acreditar que antes era tudo mais legal. No final das contas, o ser humano é capaz de se adaptar a qualquer coisa. Essa nova forma de se comunicar, que aproxima e distancia ao mesmo tempo, é só uma delas.

No final das contas, o filme é bacana e faz a gente pensar. Só não dá para radicalizar. Em inglês, sem legendas.

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Medium apresenta app focado apenas na leitura, não permite postagem

Por muito tempo se achava que as pessoas não liam em seus dispositivos móveis, talvez por acharem que os aparelhos eram pequenos demais para leituras mais longas. Contudo, com o tempo o comportamento dos usuários mostrou que a realidade é bem oposta – os visitantes mobile são, hoje, uma das maiores audiências de diversos sites. Ler com o deslizar de dedos na tela têm se tornado tão natural como virar uma página.

Apostando exatamente nesse comportamento, o aplicativo do Medium não permite nada mais do que a simples leitura dos conteúdos postados na plataforma. Com design simples, seguindo a tendência visual do site, o app não oferece a opção de postagem ou atualização de textos.

“Estamos apenas ampliando as vozes das centenas de pessoas que escrevem no Medium todas as semanas”, explicou Ev Williams em um post.

medium-app-apresentacaoO app usa o login do Twitter e mostra conteúdos do Medium de acordo com a popularidade ou com o que usuário já havia lido anteriormente, e permite compartilhar a leitura via Twitter, Facebook e email. Quem quiser prosseguir com a leitura pode simplesmente deslizar para o próximo texto.

Acaba sendo uma interface de fácil interação para a leitura de postagens acerca de temas semelhantes ou dignos de destaque. Quase um YouTube de texto, provoca o The Verge.

Por enquanto, o app do Medium está disponível apenas para iOS, e não há previsão do lançamento de uma versão para Android.

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Selfie, uma prática que desconhece limites

Seria a falta de noção a grande epidemia do século 21? Foi exatamente esta a pergunta que me fiz ao ler a notícia de que um jovem teria quebrado a perna de uma estátua do século 19, na Academia de Belas Artes de Brera, em Milão. O fato ocorreu quando um “estudante de intercâmbio” teria sentado no colo da imagem do “Sátiro Embriagado” para tentar fazer uma selfie, segundo informações da administração do museu. É daí que eu volto a perguntar: seria a falta de noção a grande epidemia do século 21?

Ao longo da história, o mundo foi assolado por inúmeras epidemias: varíola, Praga de Atenas, malária, lepra, peste negra, sífilis, tifo, cólera, Gripe Espanhola, Aids, Gripe Aviária… mais recentemente, até a obesidade passou a ser considerada uma epidemia, por conta do excesso de alimentos processados em nossa dieta.

E se a obesidade pode ser encarada como uma epidemia resultante dos excessos que passaram a fazer parte do nosso cotidiano, então não seria errado concluir a “falta de noção” também se encaixa nesta definição, já que sua ausência nos leva a cometer diversos excessos no dia a dia, muitas vezes levados pelas razões (?) mais absurdas.

As “noções” que temos em relação ao mundo variam muito de cultura para cultura, geração para geração, família para família, pessoa para pessoa

É claro que as “noções” que temos em relação ao mundo variam muito de cultura para cultura, geração para geração, família para família, pessoa para pessoa. Algumas coisas, entretanto, são básicas. Coisas que certamente você ouviu em algum momento da sua vida, como “seu espaço termina onde começa o meu” ou ainda “não faça com os outros o que você não gostaria que fizessem com você”. Elementar, não, meu caro Watson?

Nem tanto. Para uma pessoa conseguir aplicar esses conceitos básicos em sua vida, ela teria de ser capaz de perceber, entender e compartilhar as experiências, sentimentos e emoções das pessoas ao seu redor. Seria necessário ser capaz de exercitar a empatia.

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O “Sátiro Embriagado”, obra da Academia de Belas Artes de Brera

O que a empatia tem a ver com isso?

Digamos, então, que a empatia seria uma espécie de ponto de partida para termos um pouco de noção sobre o mundo ao nosso redor. Seria como perceber que determinadas coisas que fazemos podem afetar o outro de uma maneira muito diferente do que nos afeta. É como quando você faz algum comentário e não percebe que aquilo pode ofender alguém, porque a princípio você não considerou isso ofensivo.

Digamos, então, que a empatia seria uma espécie de ponto de partida para termos um pouco de noção sobre o mundo ao nosso redor

Infelizmente, ninguém está livre de cometer alguns escorregões ao longo do caminho – a mídia está repleta de exemplos e tenho certeza de que todos nós temos alguma história para contar sobre algo desse tipo. O problema é que nem sempre conseguimos perceber isso, talvez porque nossos níveis de empatia tenham passado por um franco declínio nos últimos 30 anos, conforme constatou um estudo conduzido por Sara H. Konrath, na Universidade de Michigan.

A pesquisadora avaliou que a empatia “auto-declarada” por 14 mil estudantes da universidade tem diminuído desde 1980, mas nos últimos 10 anos a queda registrada foi abrupta: 75% dos participantes se avaliaram como menos empáticos do que a média de três décadas atrás. Apesar de não haver uma única justificativa para esse declínio, os estudiosos têm algumas teorias, sendo uma delas o aumento do isolamento social, cada vez mais comum para muitas pessoas.

“Para piorar, durante o mesmo período o narcisismo ‘auto-declarado’ dos estudantes alcançou níveis mais altos, de acordo com uma pesquisa de Jean M. Twenge, psicóloga da San Diego State University”, aponta a matéria publicada pela Scientific American em dezembro de 2010.

No funeral de Mandela, a selfie mais criticada dos últimos tempos

No funeral de Mandela, a selfie mais criticada dos últimos tempos

Narcisismo em alta

Isolamento social, empatia em declínio, narcisismo em alta… E a palavra do ano em 2013 é “selfie”. Mas, será que dá para jogar toda culpa nessa moda?

Fotografar a si mesmo não é uma exclusividade da era digital. Vira-e-mexe aparecem imagens antigas, feitas em câmeras analógicas, e que em tempos mais recentes acabaram recebendo o nome de “selfie”. E, de tão populares, tornaram-se alvo de críticas – Barack Obama e outros políticos no funeral de Nelson Mandela é um exemplo -, mas também de oportunidades – como pudemos ver no Oscar, com Ellen DeGeneres reunindo algumas das principais estrelas da atualidade em uma selfie registrada com um Galaxy, e fazendo Samsung e Twitter rirem à toa.

Ainda assim, a lista de furadas é gigante – algumas das piores estão reunidas em uma página no Facebook chamada Selfie Gone Wrong -, razão pela qual vez ou outra sites como o Mashable reúnem dicas para não errar na hora de se fotografar e compartilhar. Coisas óbvias como olhar ao redor, ser discreto e estar preparado para as reações das pessoas estão ali.

Após a perna quebrada do “Sátiro Embriagado”, na Academia de Belas Artes de Brera, eu incluiria na lista “não se sentar em estátuas do século 19 ou em qualquer outra obra de arte ou objeto histórico”. Mas é só uma sugestão.

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No Oscar, o sucesso da selfie de Ellen

“Você é uma doença. E eu sou a cura”

Piadinhas à parte, apesar de este texto ter sido inspirado por uma selfie, não acredito que o problema esteja na selfie em si, mas sim na falta de noção que as pessoas têm de uma maneira geral, inclusive quando estão tentando fotografar a si mesmas. A selfie é um sintoma dessa falta de noção consequente do nosso narcisismo, que é cada vez maior, e do nosso nível de empatia, cada vez menor. Para variar, tudo se resume ao ser humano, suas decisões e seu comportamento.

A selfie é um sintoma dessa falta de noção consequente do nosso narcisismo, que é cada vez maior, e do nosso nível de empatia, cada vez menor

Por mais que o museu tenha minimizado o fato, pelo menos aparentemente, dizendo que o valor da obra não era muito alto e que ela já foi encaminhada para a restauração, ela tinha a sua importância, ou não estaria em exibição no local – o que me fez lembrar daquela frase atribuída a Oscar Wilde que diz que “hoje as pessoas sabem o preço de tudo e o valor de nada”. E se isso já rolava lá no século 19, imagine o que ele não diria hoje.

Será que a partir do momento em que adota uma política de “shit happens”, o museu não está abrindo um mau precedente? Ou será que de fato não há razões para nos preocuparmos com a crescente falta de noção das pessoas e simplesmente devemos relaxar e aceitar isso como uma consequência do processo evolutivo(?) do ser humano?

Ao meu ver, acredito que o assunto merece, sim, atenção e um pouco de reflexão da nossa parte, independentemente das conclusões que possamos chegar. Afinal, estamos todos interligados e, mesmo que nossa empatia esteja em declínio, isso não quer dizer que o que os outros fazem não nos afete em algum momento. Quem sabe, assim, a gente também consegue recuperar um pouco da nossa noção perdida…

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Ação da Coca-Cola pede ao público para ficar quieto no cinema

Quem nunca teve a experiência de assistir a um filme no cinema arruinada por outros espectadores, incapazes de ficar em silêncio? Em janeiro, mostramos aqui uma produção da M&M’s criada especialmente para solicitar que o público desligasse seus celulares antes de a sessão começar, mas agora a Coca-Cola foi um pouco além com uma ação que pede às pessoas que prestem atenção aos barulhos que fazem no cinema, mostrando como elas podem atrapalhar a exibição de um filme.

Criada pela Saatchi de Copenhagen, SLURP! usou aquela sequência exibida antes do filme – geralmente com orientações de segurança e pedindo às pessoas que desliguem seus celulares – para inserir os próprios espectadores na tela. Pouco antes de a sessão começar, eles foram filmados no saguão do cinema, com uma tela verde ao fundo.

As imagens capturadas foram, então, inseridas no pré-filme, surpreendendo o público que começou a se ver na telona, no maior estilo papagaio de pirata. O resultado ficou divertido e cumpriu o objetivo de mostrar que o filme fica muito melhor se as pessoas não impuserem sua presença.

Projeto muito bacana, que teve a produção da Duckling, também de Copenhagen. Vale o play.

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Liberdade, Igualdade e… Violência?

A violência parece ser uma constante na história da humanidade. Dependendo do olhar que lancemos ao passado, teremos a nítida impressão de que nossa história foi escrita com o sangue de muita, muita gente. E para provar que não somos muito melhores que nossos antepassados, temos visto por todos os cantos da internet uma série de declarações que parecem reforçar uma conduta agressiva. A famigerada fala de Rachel Sheherazade, falando que era “compreensível que os tais ‘justiceiros’ amarrassem aquele menino no poste” dada a situação precária da segurança pública, foi um dos exemplos mais marcantes das últimas semanas.

Valem menção também todas as polêmicas levantadas pelo deputado Jair Bolsonaro, durante sua tentativa de assumir a Comissão de Direitos Humanos e a situação que envolveu as declarações de Joaquim Barbosa no STF, no que tange as retiradas de acusação de formação de quadrilha no caso do mensalão do PT.

No meio de tudo isso, quando um era acusado de estar incitando a violência ou deturpando algum fato, o falante geralmente diz “eu tenho o direito de dizer o que quiser”. E ele está certo, por mais errado, certo ou violento que seja seu discurso. Pior: nos casos que achamos absurdos, vemos que há um grande número de pessoas que defende tais ideias. E nós ficamos malucos, tentando achar qualquer contra argumento que o valha. Sentimo-nos violentados. E outro lado também.

O assunto “que tipo de violência está sendo exercida (de quem e contra quem)” está quente nas redes sociais. Em ano de eleições presidenciais (e Copa do Mundo, não nos esqueçamos), será muito interessante verificarmos como os candidatos se posicionarão midiaticamente. As aulas que você, leitor, teve de análise de discurso e imagem poderão ser muito úteis para pensar acerca do cenário que se monta diante de nós.

Em casos de pessoas que supostamente “merecem morrer”, poderia-se recorrer ao italiano Maquiavel – Ainda que tal frase nunca tenha sido proferida por ele – e perguntar “os fins justificam os meios”?

No último post que fiz, acerca dos protestos que estão ocorrendo pelo mundo, uma série de questões foi levantada sobre nosso consumo de informações no ambiente virtual e as formações de opiniões num Estado democrático. A legitimação do uso ou não da violência parece ser um debate constante. Com base nos últimos três Braincasts lançados, podemos também expandir essa dúvida.

Por exemplo: se o povo deseja sangue, ele deve obtê-lo? Há sabedoria na opinião popular, mesmo quando ela parece querer um retorno da barbárie? Essas opiniões são nossas (do povo) ou correspondem a grupos de interesse de elite, que ditam o que queremos através das mídias de massa? Somos influenciados pela mídia? Se sim, quanto? E quando este discurso se espalha na internet (supostamente o meio de comunicação mais democrático que já desenvolvemos), como lidar com tudo isso?

Tendo em vista todos esses fatores, acredito ser pertinente aprofundar algumas das questões do texto anterior neste post. Para tanto, focarei na questão da violência, já que ela parece ser um tema bastante em pauta atualmente.

Bolsonaro

Sangue

Violência e Punição: uma breve história

Um dos problemas em falarmos sobre o papel da violência na comunicação é o de defini-la. Acredito que, na maioria dos casos, haveria pouca discussão sobre o caráter de violência que existe em atos extremos como assassinatos ou sequestros. Mesmo nas possibilidades de contextualização, buscando os motivos de tais atos, haveria uma concordância de que matar alguém é um ato de extrema violência – mesmo que esse alguém seja Hitler.

Em casos de pessoas que supostamente “merecem morrer”, poderia-se recorrer ao italiano Maquiavel e perguntar “os fins justificam os meios”? Voltarei a Maquiavel em breve. Por ora, acho importante mencionar que, de acordo com o filósofo Renato Janine Ribeiro, professor da USP e um dos grandes especialistas em Maquiavel no Brasil, essa frase nunca foi proferida pelo autor italiano.

Voltando à questão da violência e sua dificuldade em definição, podemos citar aqui os velhos casos de “piadas mal-entendidas”. Uma “piada” racista ou machista, no ouvido de um ou outro, pode ter efeitos dos mais diversos. Para os que se ofendem, é recorrente taxá-los de “sem senso de humor”. Aquele que se ofende com a piada sente-se violentado direta ou indiretamente. Do outro lado, o que proferiu a piada, se não compreendido, também sente-se violentado (ataca-se, no caso, sua estética humorista e seus princípios morais – ambos são colocados em dúvida).

Quero deixar claro que sou absolutamente contra piadas racistas e machistas (e aprendi o perigo delas após muito tempo). Se fosse para defender um lado, defenderia aquele que se sentiu ofendido. Mas não é essa a questão que desejo levantar aqui, mas sim duas: primeiro, os exemplos que citei podem ser considerados violentos? Segundo, há alguma violência permitida?

Podemos pensar em graus. Um tapa na cara de alguém, uma ofensa, seriam atos violentos em graus menor do que um assassinato. Acho que essa ideia seria bem aceita pelo leitor. Mas, novamente, perguntamos: algum nível é aceitável? Qual seria o grau de violência socialmente aceitável nas relações contemporâneas?

Violence

Em seu livro “A História da Violência”, o historiador Robert Muchembled declara: sem dúvidas, a violência social sofreu uma grande regressão a partir do fim da Idade Média, e é um desafio do historiador entender os motivos para isso. Uma das análises curiosas que ele faz é mostrar que é no momento em que o número de assassinatos começam a diminuir que ele torna-se um problema social. Tornando-se fenômeno cada vez mais raro, coube às autoridades de tais tempos e lugares questionarem “o que fazer com aquele que agride?”.

Sem dúvida, a preocupação com a violência remonta a tempos bem mais remotos do que o medieval. O famoso código de Hamurabi, datado de cerca de 1800 A.C., já explicitava a norma de conduta “olho por olho, dente por dente”. No antigo testamento bíblico, temos os 10 mandamentos, cujo 6º é “não matarás”. Outras civilizações da antiguidade, como os gregos e romanos, foram também exemplos nesse quesito.

Esta última, inclusive, chegou a elaborar complexas análises na questão de danos morais e compensação pelos mesmos. Sendo assim, é curioso notarmos que a violência sempre esteve na pauta das diferentes civilizações que já caminharam no planeta. Por mais que diferentes formas de se lidar com ela tenham surgido, desde o “olho por olho” de Hamurabi até o “dar a outra face a tapa” cristã, ela demonstra ser constante.

Poderíamos dizer então que ela é “natural” do ser humano, mas isso também é perigoso, pois pode ser usado como tentativa de legitimar algum ato cruel. Um exemplo disso é aquela lógica de elevador de que “a humanidade sempre foi violenta, portanto também posso ser agora”. Chamo isso de “lógica de elevador” por ser aquele tipo de conclusão simplista que pode chegar-se em uma rápida viagem de um andar para outro.

A relação entre “transgressão da norma” e “punição” seria historicamente constituída de acordo com certos grupos que detém o poder. Nosso senso de justiça seria, então, histórico e culturalmente construído.

Curiosamente, recentemente tive uma conversa com uma vizinha que falou algo do tipo “você ainda não tem filhos? Tudo bem, o mundo já está superpovoado mesmo. E agora que não tem mais guerras no mundo, não dá nem para dar uma limpada”. Eu imagino o que os povos em conflito na África e Oriente Médio pensariam sobre isso. Mas divago.

Outro livro obrigatório a ser citado nessa discussão é o “Vigiar e Punir”, do filósofo Michel Foucault. Analisando a história das punições, Foucault foi capaz de estabelecer uma mudança na sensibilidade punitiva que via no encarceramento uma via de correção mais humanitária em comparação com o suplício público. Contudo, segundo o autor, isso dependeria da formação de “corpos dóceis”, que interiorizam as regras sociais estabelecidas de modo a sentirem-se vigiados a todo o momento, mesmo quando não estão.

Seria este constante princípio de alerta que nos manteria em linhas de conduta socialmente aceitáveis. E isso, segundo ele, ocorreria via uma série de medidas legislativas que atendem a determinados grupos de interesse. Dito de outra forma, a relação entre “transgressão da norma” e “punição” seria historicamente constituída de acordo com certos grupos que detém o poder. Nosso senso de justiça seria, então, histórico e culturalmente construído.

Sheherazade

Sangue

Violência e Cultura

Acima de tudo, acredito que a violência é um ato que exige interpretação de acordo com o molde cultural na qual o indivíduo está inserido. Como estamos condicionados pela cultura, qualquer ato que se diga “natural” depende de seu interpretante, ganhando assim formas diversas. O cenário islâmico é bem provocador nesse sentido. É lugar-comum do ocidental achar que a religião islâmica é machista (e, sem dúvida, sob nossos olhares, realmente ela é em inúmeros aspectos).

A Burca, por exemplo, seria um símbolo máximo de que a mulher não domina seu corpo, sendo este propriedade ou da sua família ou do seu marido. Ao mesmo tempo, é cada vez mais comum os relatos de mulheres que se sentem extremamente constrangidas com homens que as abordam na rua.

Debatemos sobre isso no AntiCast 116, sobre Feminismos e Discursos de Gênero, portanto não vou me alongar nessa questão aqui. Quero apenas fazer um contraponto com o cenário islâmico dito machista: é norma reconhecida nos países islâmicos que uma mulher que sai de burca não pode ser abordada por um homem. Caso seja, este homem está cometendo um crime, previsto em lei.

Há violência dos dois lados: no ocidente, há um misto de “liberdade com consequências”. No oriente, uma sensação de “prisão libertadora”. Nos dois, há o problema da mulher conseguir se liberar da sua condição historicamente construída de “propriedade privada”. Muito se evolui dos dois lados, mas ainda estamos longe de um cenário satisfatório.

Acredito que, baseado em algumas mulheres que conheço, muitas aceitariam andar de burca na rua, se isso significasse que não seriam abordadas na rua. No ocidente, sequer temos essa opção. Discussão difícil essa num mundo que parece integrar-se cada vez mais através dos meios de comunicação. A sensação de andar em círculos é inevitável. Todos os lados parecem ter malefícios e ficamos determinados a escolher as opções “menos piores”, baseados nos nossos limites de interpretação do entorno.

Falando dos que estão mais perto de nós, eu sou apenas capaz de imaginar o tipo de concepção de “violência” que um morador de uma comunidade da periferia possui. Ao ver seu pai tendo sua dignidade violentada pelo Estado (preço da passagem do ônibus, sistema de saúde falho, baixo salário etc.), ou ainda de ver o traficante local tendo sucesso financeiro indo contra lei estabelecida, sou da opinião de que há aí um ciclo de violência que se autoalimenta. Obviamente há os casos daqueles que foram capazes de se superar, e daí há toda a discussão sobre meritocracia x condições sociais determinantes.

Somos violentos quando sonegamos imposto, quando recebemos o troco errado e não avisamos, quando invadimos a privacidade do outro e quando criticamos alguém.

Eu não sou absolutamente contra a concepção de meritocracia, mas acho que seus defensores esquecem de um dado fundamental: ela só é válida em um ambiente no qual todos possuem acesso a condições de oportunidades iguais. Por exemplo, em uma competição entre dois diretores de arte, que dispõem do mesmo tempo e ferramentas para realizarem seu trabalho, realizará o melhor trabalho aquele que souber ler melhor seu ambiente e inovar com mais contundência.

Em resumo, a criatividade poderá ser uma boa aliada – mas poderá ser pouco útil se um está usando um computador de última geração e o outro só possui um lápis e papel. Há sempre excessões, mas não são elas que determinam o ambiente todo. Sendo assim, gosto de pensar sempre num equilíbrio entre as duas coisas. Contudo, como geralmente lidamos com cenários desiguais, acredito que a violência social acaba desempenhando um papel mais determinante do que ideologias que pregam a existência de uma “boa índole”. E por violência, aqui, refiro-me a todos os seus graus.

Somos violentos quando sonegamos imposto, quando recebemos o troco errado e não avisamos, quando invadimos a privacidade do outro e quando criticamos alguém. Neste caso, não quero dizer que “é errado ser violento”. No último exemplo que dei, por exemplo, a crítica a alguém pode ser muito útil para aquela pessoa – e até para você, especialmente se ver que sua crítica está errada e pode aprender a aguçar seus critérios de julgamento com isso. Mas é um ato violento. Em grau muito menor do que um assassinato, sem dúvida.

Uma ideia parece surgir dessas ponderações: há alguma sabedoria no erro e na violência. Qual (ou quais) exatamente, não sei. Mas parece haver. E, com isso, voltamos à nossa dúvida original: qual tipo de violência seria permitida?

Dredd

Junto com o direito de expressão (e ação), há também o dever de se responder pelas consequências do discurso – especialmente se o fins não forem justificados.

Aprendendo com Maquiavel e Sheherazade

Apesar do subtítulo, quero deixar claro que discordo da opinião da jornalista, e vou explicar o motivo em breve. Antes disso, quero voltar ao pensador italiano, citado anteriormente.

Como já falei, de acordo com o filósofo Renato Janine Ribeiro, a frase “os fins justificam os meios” não é de autoria de Maquiavel. Contudo, parece sintetizar, de alguma forma, seu pensamento.

A obra mais famosa de Maquiavel, sem dúvida, é “O Príncipe”, datada do século XVI, na qual ele basicamente elenca uma série de diretrizes sobre como o monarca deve reger seu governo. Isso já é bem conhecido. Contudo, poucos sabem que Maquiavel era um Republicano, e uma das provas mais fortes disso é o longo tempo que passou escrevendo uma obra chamada “Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio”. Esta possui um caráter de profundo teor republicano. Não à toa, Rousseau, filósofo francês do século XVIII, levantou a hipótese de que “O Príncipe” era uma paródia. Contudo, ao lermos a obra, veremos que, se ela é uma piada, ela foi levada a sério demais.

Neste texto, Ribeiro retira do próprio texto de Maquiavel um exemplo interessante sobre o que pensa a respeito do Príncipe e seu papel político. Coloco o trecho em questão abaixo:

Árvore

“Se Maquiavel comec?a o livro especificando seu campo de interesse – o regime na?o republicano, mas mona?rquico; que na?o e? antigo, mas novo; que na?o foi obtido por armas pro?prias, mas alheias – ele praticamente o conclui com uma distinc?a?o que mais ou menos se sobrepo?e a esta. No penu?ltimo capi?tulo d’O pri?ncipe, afirma que dos resultados de nossas ac?o?es pode-se dizer que metade vem da fortuna (mais ou menos, o acaso, a sorte, boa ou ma?), metade da virtu?. Para ele, essa palavra na?o significa virtude moral, e por isso os estudiosos preferem cita?-la em italiano, a fim de preservar o sabor maquiaveliano.

A virtu? seria a excele?ncia do pri?ncipe, do condottiere, ao saber como enfeixar em suas ma?os os fios descosidos do destino. Tem virtu? quem sabe, em uma situac?a?o adversa ou apenas devida a? sorte, tornar-se senhor. Vejam o exemplo que da? Maquiavel: tempestades arrasam pontes e estradas, eis a fortuna; mas, depois, o homem refaz o que foi destrui?do, tornando-o mais resistente ao azar, eis a virtu?.

O que faz enta?o o pri?ncipe, na?o digo o ameac?ado pela ma? sorte, mas o que deve seu status apenas a? boa sorte, sem me?rito pro?prio, sem forc?as armadas suas que o defendam? Ele deve ser habili?ssimo. Cada gesto seu precisa estar dirigido a? construc?a?o de um poder que impressione. O grande exemplo de Maquiavel esta? em Cesare Borgia, quando esse pri?ncipe novo por excele?ncia – que deve sua posic?a?o apenas a? sorte de ser filho de papa – ganha a Romagna, enta?o assolada por bandidos.

Nomeia um preposto, Ramiro dell’Orco, para que acabe com eles, o que Ramiro faz com energia e crueldade. A regia?o esta? pacificada, mas Cesare ficou com fama ruim. Para sanar o entrave, Cesare manda matar, de forma cruel, seu pro?prio delegado, Ramiro. O corpo dele, ensanguentado, no centro da capital da Romagna, basta para mostrar que o pri?ncipe pode ser terri?vel e bom. Um gesto teatral fortalece Cesare Borgia.”

Suplício

Sangue

No caso citado de Cesare Borgia, pode saltar aos olhos do leitor o caráter de egoísta e sádico do Príncipe, que deseja manter seu status no poder ao invés de “pensar no povo”. O problema seria justamente esse: o Príncipe tem certeza de que sabe o que é melhor para seu povo. Pensando nisso, precisa manter o poder e faz o que for necessário para tanto.

Como eu gosto sempre de dizer, não existem pessoas que se dizem “malvadas” – o que implica dizer que não existe “gente de bem”, pois o julgamento de “bem” ou “mal” depende de quem está julgando. Todos acham que estão fazendo algo correto, mesmo nas piores das situações. Se pegarmos a totalidade de transgressões que realizamos todo dia, os casos em que sentimos genuína culpa são mais raros do que imaginamos.

Neste sentido, a lógica maquiavélica parece cair como uma luva. “Sei que o que estou fazendo é errado, mas é para um bem maior”. Uma variação é “não sei se o que estou fazendo é errado ou não, mas o resultado sem dúvida é para um bem maior”. Os fins justificando os meios. Contudo, isso é uma interpretação equivocada de Maquiavel. Como defensor da República, ele buscou justamente apontar os perigos de tais atitudes monárquicas.

E o que Sheherazade (entre outros citados no início do texto) tem a ver com isso? A questão é simples: num Estado democrático em que vivemos, todos tem o direito de falar o que bem entendem. Se ela acha que é compreensível amarrar alguém num poste, ela tem o direito de achar isso. Mas o que devemos aprender com Maquiavel e seu “O Príncipe” é que, junto com o direito de expressão (e ação), há também o dever de se responder pelas consequências do discurso – especialmente se o fins não forem justificados. E as consequências das ideias de Sheherazade não são das mais agradáveis para aqueles que defendem um cenário democrático.

Em primeiro lugar, como espero ter demonstrado, o “sentir-se violentado” é algo que depende de uma série de fatores. É importante sabermos quem está acusando a violência e o que Estado diz sobre isso. Ao permitir-se que o cidadão faça “justiça com as próprias mãos”, é importante lembrar-se daquelas aulas chatíssimas de História que teve, na qual o(a) professor(a) explicou o modelo dos três poderes, atuante no Brasil. Aquele que cria as Leis (Legislativo) não pode ser o mesmo que julga (Judiciário) e muito menos o que executa (Executivo).

Ditadura

Se concentrarmos esses poderes em apenas uma pessoa, entramos em um terreno perigoso: e se um dia o meu colega decidir me julgar? Em resumo, ao defender a legitimidade do “fazer justiça com as próprias mãos”, você está pondo em risco a própria liberdade. Ou você deseja viver num futuro pós-apocalíptico estilo Juiz Dredd? Ou deseja o retorno da Ditadura Militar?

Ao defender um novo Golpe, ou um modelo social que restrinja a liberdade do Outro, você está pondo em risco a sua própria.

O fato do Estado ter problemas em manter ordem e segurança a seus cidadãos é obviamente algo grave que deve ser trabalhado dentro dos trâmites legais e do exercício democrático. Particularmente, acho um absurdo ver tanta gente hoje em dia sonhando com um novo golpe militar no Brasil, querendo trocar a própria liberdade conquistada por uma ilusão de segurança. Primeiro: segurança para quem? Para você? Para as “pessoas de bem”? E quem decide quem é de bem ou não? Somos realmente tão egoístas e egocêntricos assim?

E se você acha que com isso estou querendo “defender bandido”, recomendo fortemente a leitura do texto “Ninguém é a favor de bandidos, é você que não entendeu nada”, de Ramon Kayo. Sobre as implicações de Sheherazade e sua demonstração de completo desconhecimento acerca do funcionamento de um Estado democrático moderno, recomendo este texto de David G. Borges, “A jornalista e os justiceiros do Flamengo”, muito esclarecedor.

Por fim, espero que o leitor entenda o seu próprio poder comunicativo. Ao pregarmos a legitimação do uso da violência, seja num jornal no horário nobre, seja na numa rede social para seus amigos, às vezes estamos realizando um atentado contra nós mesmos. Você tem direito de expressão e deve usá-lo à vontade. Mas aprenda a arcar com as consequências. Ao defender um novo Golpe, ou um modelo social que restrinja a liberdade do Outro, você está pondo em risco a sua própria.

Sejamos, portanto, menos preguiçosos no pensamento.

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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Crowdpilot, um empurrão para os tímidos

Para muitos, encontrar as palavras certas a se dizer em um primeiro encontro, reunião de negócios ou mesmo num bate-papo simples com alguém importante pode ser desafiador e motivo de muita ansiedade e preocupação.

É para estes momentos de interação social da vida real e da necessidade de respostas imediatas que foi criado o Crowdpilot. Com o aplicativo, é possível receber um feedback ao vivo de amigos ou desconhecidos sobre qualquer situação desconfortável, ou seja, aquele bom empurrãozinho.

Criado por Lauren McCarthy e Perceptor, o app funciona através de um sistema de stream, carregando mensagens ao vivo num contato direto do usuário com seus amigos de Facebook, além de outros usuários desconhecidos que estejam online no mesmo momento e até assistentes pagos para ajudar em situações específicas.

Ao selecionar uma situação – encontro, argumento, reunião de negócios, conversa em família, etc – o usuário descreve brevemente o que se passa e espera pelos conselhos. A partir daí as dicas podem ser classificadas, garantindo feedbacks em tempo real.

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“Fomos longe demais? Nos tornamos robôs, desprovidos da inteligência emocional vindo do contato humano?” – questiona McCarthy, via PSFK

Apesar do estranhamento em uma primeira impressão, o aplicativo é ele mesmo uma crítica ao crescente desapego do contato humano em situações que não sejam online, e as dificuldades cada vez maiores em manter conversas e experiências sem qualquer intervenção.

Por outro lado, não existe novidade em pedir conselhos e opiniões para os amigos online. O que Crowdpilot faz é tentar dar mais humanidade e utilidade a essa gigantesca rede, e quem sabe melhorar a habilidade das pessoas em se relacionar, tudo através da sabedoria das multidões.

Crowdpilot está disponível para iOS de graça.

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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Você até pode ter milhares de amigos…

Quantos amigos você tem no seu Facebook? Quantos seguidores no Twitter, Instagram, Pinterest ou em qualquer outra rede social da qual você faz parte? Quantos contatos estão listados em sua agenda ou integram seu network no LinkedIn? É muito capaz que, somando tudo, você perceba que são centenas, até milhares de pessoas. Agora responda: quantas delas você conhece bem de verdade, tem um contato frequente – de preferência pessoalmente -, e pode dizer que realmente são próximas a você?

Se você já terminou de fazer as contas, há grandes chances deste número ter caído drasticamente, com poucos casos em que ele ultrapasse uma ou duas dezenas. É neste momento que percebemos um dos grandes paradoxos da nossa época: temos milhares de “amigos”, mas nunca estivemos tão solitários.

A forma como a tecnologia está presente em nossas vidas não chega a ser um assunto novo – aqui mesmo no B9, ele aparece com certa constância, especialmente no Braincast -, mas será que realmente há razões para a gente se preocupar?

A ideia deste texto não é falar mal da internet, tecnologia e afins, nem tampouco criar um mi-mi-mi saudosista

Não tem muito tempo que começamos um papo sobre o que a internet está fazendo com os nossos cérebros, influenciando a maneira como criamos, aprendemos e raciocinamos. Mas se você parar para pensar um pouco, irá notar como a tecnologia de uma forma geral também está transformando a maneira como nos relacionamos uns com os outros.

Antes de mais nada, o nosso tradicional aviso: a ideia deste texto não é falar mal da internet, tecnologia e afins, nem tampouco criar um mi-mi-mi saudosista para dizer que antigamente as coisas eram melhores. É mais uma proposta de reflexão sobre como utilizamos essas coisas em nosso dia a dia e quais os efeitos colaterais envolvidos neste processo.

Recentemente, o designer Shimi Cohen, de Tel Aviv, resolveu combinar as informações do livro Alone Together: Why We Expect More from Technology and Less from Each Other, de Sherry Turkle, e do artigo The Invention of Being Lonely, de Yair Amichai-Hamburger, em seu projeto de conclusão de curso na Shenkar College of Engineering and Design. O vídeo The Innovation of Loneliness mostra como a tecnologia está influenciando a maneira como as pessoas se relacionam umas com as outras e com elas mesmas, os reflexos psicológicos disso e porque precisamos ficar atentos.

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Social por natureza, o ser humano pode até ir à loucura por conta da solidão. Por outro lado, passamos tanto tempo focados na carreira, em ganhar dinheiro, consumir e criar uma auto-imagem, que as redes sociais parecem ser a solução perfeita para “gerenciarmos” nossos relacionamentos de uma maneira muito mais eficiente.

É claro que a primeira coisa que a gente pensa é: mas afinal, o que há de errado com a eficiência? Todo mundo tem aqueles amigos que não vê com tanta frequência, parentes distantes, etc, mas ao menos pelas redes sociais consegue saber como é que estão, mandar uma mensagem no aniversário (que se não fosse pelo Facebook, ia acabar passando em branco), saber quem está solteiro, casado, separado…Mas será que isso é real ou estamos apenas substituindo relações por conexões?

“Estamos colecionando amigos como se fossem selos, não distinguindo a quantidade da qualidade, convertendo o significado profundo e a intimidade da amizade em trocas de fotos e conversas em chats”.

Enquanto uma conversa que acontece cara a cara e em tempo real é regida pelo inesperado, quando muitas vezes você acaba falando demais e sem pensar, um chat, e-mail, post ou SMS cria uma falsa sensação de segurança, de que estamos no controle da situação e podemos nos apresentar como queremos ser, em vez de como realmente somos.

É a história da auto-promoção, com pessoas cada vez mais obcecadas com a edição de perfis, escolha de fotos perfeitas e a obrigação de parecerem felizes o tempo inteiro, como se de fato isso fosse possível. “As redes sociais não estão mudando apenas o que fazemos, mas também quem somos”, destaca a narração de Cohen no vídeo.

As redes sociais não estão mudando apenas o que fazemos, mas também quem somos

Só que, ao meu ver, faltou dizer algo muito importante aí: que não importa o quanto alguém tente controlar ou editar uma ideia por meio de um post ou SMS, é impossível controlar o que o outro vai entender daquilo. Qualquer tipo de comunicação está sujeita à interpretações, que estão diretamente ligadas à formação e experiências do interlocutor. Isso tudo sem contar a possibilidade de ruídos. Em resumo, ninguém está realmente livre de confusões.

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Fantasias gratificantes

Segundo The Innovation of Loneliness, as redes sociais nos oferecem três fantasias gratificantes: que podemos desviar a atenção para onde quiseremos, que sempre seremos ouvidos, e que nunca teremos de ficar sozinhos. É exatamente esta última que está formatando uma nova forma de ser, descrita como:

“Eu compartilho, logo existo.”

A tecnologia passa a ser uma ferramenta essencial para definir quem nós somos. E nós só podemos ser alguém se compartilhamos nossas ideias e sentimentos exatamente no momento em que os elaboramos. Isso significa que se eu não der um check-in naquele lugar incrível, postar uma foto daquela comida deliciosa ou tuítar o que achei do último filme do Woody Allen, é como se nenhuma daquelas experiências realmente tivessem existido.

Tudo isso me fez pensar em uma das experiências mais incríveis que já tive. Em uma peregrinação à Terra Santa – no meu caso, Liverpool – tive a oportunidade de fazer um tour que permite que os participantes entrem nas casas onde John Lennon e Paul McCartney passaram a infância. Só que, por questões de direitos de uso de imagem, é proibido fotografar o interior delas. Para garantir que ninguém vai tentar burlar a regra, temos de entregar máquinas fotográficas e celulares na entrada, que são trancados em um quartinho. Feito isso, você fica livre para circular pelos ambientes, por alguns minutos.

Talvez se ainda estivesse vivo nos dias de hoje, Lennon diria que a vida é o que acontece enquanto estamos ocupados compartilhando

Agora, imagine você andar livremente pelas casas onde viveram seus ídolos, sem se preocupar em dar check-in, fotografar ou tuítar (que é claro que eu fiz tudo isso, só que do lado de fora), e poder simplesmente curtir o momento. Ouvir histórias, descobrir algo que você não sabia, absorver detalhes e vivenciar uma experiência que vai te marcar pela vida, mas que ficará apenas na sua memória.

Isso me fez refletir sobre como sentimos uma urgência em registrar tudo artificialmente, como se nossas lembranças não fossem o suficiente, como se uma fotografia fosse capaz de realmente captar a emoção de um momento e olhar para ela fizesse a gente revivê-lo. Mas, qual a emoção que você cultiva quando você está distraído demais fazendo uma foto, dando uma check-in ou postando algo?

Em Beautiful Boy, música que John Lennon compôs para o filho Sean, há um verso em que ele diz que a “vida é o que acontece enquanto você está ocupado fazendo outros planos”. Talvez se ainda estivesse vivo nos dias de hoje, Lennon diria que a vida é o que acontece enquanto estamos ocupados compartilhando. Pois é, a existência é feita de muito mais coisas do que somente aquilo que podemos compartilhar online.

Ainda assim, há até quem finja experiências apenas para ter o que compartilhar e, desta forma, se sentir vivo. E tem vários “serviços” que exploram isso, como um site que “aluga” namoradas, ficantes e afins para o seu perfil no Facebook. Tem, também, o caso do fotógrafo japonês Keisuke Jinushi, que ensina como criar uma namorada fake em fotos para as redes sociais.

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Caso você esteja curioso, um texto no site Oddity Central descreve o passo a passo de Keisuke para conseguir o efeito desejado nas imagens. A começar pela maquiagem: ele aplica bastante base clara na mão direita e esmalte vermelho nas unhas, para conseguir um look mais feminino. Para evitar confusões, ele também coloca um elástico para cabelos no pulso. A “mágica” fica completa com um filtro retrô no Instagram – para o genuíno efeito “girlfriend photo” – e um sorriso bobo, elementos que ajudam a tornar a foto mais verossímil. Nos anos 1980, o filme Namorada de Aluguel mostrou uma ideia parecida, de um cara que queria conquistar o respeito dos colegas e se tornar popular com a ajuda de uma namorada falsa. A diferença é que, pelo menos naquela época, a garota era de verdade.

Da conexão ao isolamento

Sherry Turkle é psicóloga clínica, pesquisadora e professora de estudos sociais da ciência e tecnologia do MIT. Em meados da década de 1990, ela ficou bastante conhecida por defender as oportunidades que a internet oferecia para que as pessoas pudessem explorar suas identidades no livro Life on Screen. A continuidade de suas pesquisas, entretanto, a levou a perceber que as novas tecnologias – emails, redes sociais, Skype e robôs sociáveis – tornaram o controle e a conveniência prioridades, enquanto as expectativas que temos em relação a outros seres humanos – e até com nós mesmos – está cada vez menor.

Em uma palestra no TED, na época do lançamento de Alone Together, Sherry explica que a forma como nos comunicamos hoje em dia, com posts, SMS e afins, servem sim para nos conectar uns aos outros, mas apenas superficialmente. Este tipo de interação é falha se o objetivo é conhecer melhor e entender o outro e, por consequência, compreender a nós mesmos. (clique aqui para assistir à versão com legendas)

Mas como a conexão pode nos levar ao isolamento? Enquanto eu pesquisava e escrevia este texto, passei a prestar muito mais atenção tanto no meu comportamento, quanto nos hábitos das pessoas que convivem comigo. E o que eu percebi me incomodou bastante: eu realmente tenho o costume de sacar o meu celular do bolso mais vezes do que eu gostaria ou deveria. Mais para tentar acompanhar o que está acontecendo pelo mundo – aquele desejo de absorver o máximo de conteúdo possível – do que para compartilhar alguma coisa.

Estamos tão acostumados com isso que dar uma olhadinha, por mais rápida ou demorada que seja, é algo que fazemos automaticamente. Em uma roda de amigos, não sou a única. Há momentos em que, por mais interessados que estejamos em uma conversa, acabamos nos distanciando em algum momento com o celular. O que antes era exceção, há muito já se tornou a regra, como mostra o curta I Forgot My Phone.

Não importa se é por uma questão de segundos ou se por algumas horas, se estamos sozinhos ou acompanhados, mas aquele momento em que nos conectamos virtualmente é também o momento em que nos isolamos e paramos de prestar atenção no que acontece no mundo real.

No raciocínio de Sherry, as pessoas se isolam quando não cultivam a habilidade de estar sozinhas e passam a encarar isso como um problema a ser resolvido, preenchendo o vazio com conexões que amenizem sua ansiedade.

A tecnologia, então, mira onde somos mais vulneráveis: na solidão. Essa incapacidade que muitos seres humanos têm de ficar sozinhos, combinada à necessidade de intimidade, é solucionada graças às plataformas capazes de fazer com que a gente se sinta automaticamente ouvidos. Dispositivos que nos dão a ilusão de que temos alguém, mas sem as exigências de um relacionamento real.

avatares

Nessa história toda, o que eu percebo é que vale a pena ouvir todos os argumentos e refletir a respeito. Cada pessoa certamente chegará à uma conclusão diferente. A minha é que o problema não está na tecnologia, mas na forma como a utilizamos. E vou um pouco além: o que pode ser ruim para alguns, também pode ser bom para outros.

Eu sou da geração pré-internet, sim, e realmente há momentos em que me sinto incomodada com os excessos cometidos graças aos avanços tecnológicos e a internet. Mas quem comete os excessos são as pessoas. Celulares e computadores são apenas ferramentas operadas por seres humanos com diferentes referências ou níveis de filtro – e isso não tem nada a ver com o Earlybird ou afins.

Nessa história toda, o que eu percebo é que vale a pena ouvir todos os argumentos e refletir a respeito. Cada pessoa certamente chegará à uma conclusão diferente

Não posso falar, por exemplo, pela geração pós-internet. Seus cérebros estão preparados para lidar com a tecnologia de hoje, pois desconhecem o mundo sem ela. O ser humano está em constante processo evolutivo, e por mais que às vezes custe aceitar isso, as referências e até mesmo as necessidades são outras. Será que daqui a alguns anos as pessoas realmente vão sentir falta das conversas olho no olho ou nem mais se lembrarão disso?

Por outro lado, não há nada que impeça as tais conexões virtuais de também evoluírem, mas para um relacionamento real, como também já vi acontecer diversas vezes.

A tecnologia faz parte das nossas vidas, e vai continuar fazendo. Por enquanto, tudo o que podemos fazer é tentar nos relacionarmos com ela de uma maneira mais consciente, sabendo diferenciar conexões de relacionamentos e qual a importância de cada um deles em nossas vidas.

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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La Red Televisión, o antídoto para a cara de bunda(?!)

A primeira coisa que me chamou a atenção neste comercial da Larraín para o canal chileno La Red Televisión foi como ele lembrava How to Eat With Your Butt – ou Como Comer com a sua Bunda -, décimo episódio da quinta temporada de South Park. No desenho, um casal que tem uma bunda no lugar do rosto aparece na cidade procurando pelo filho, depois de uma confusão armada por Kenny e Cartman. Mas, vamos a Cambiemos La Cara

Aqui, a trama acompanha o cotidiano de um homem, desde o momento em que ele acorda, vai trabalhar, etc. Impossível não perceber a cara de bunda que o acompanha durante todo o dia – e o fato de ele não ser o único. Nada do que acontece parece melhorar a situação, a não ser quando ele chega em casa, senta no sofá e liga a televisão e vê sua mulher chegando com duas garrafas de cerveja.

É aí que a história fica confusa: o comercial é do canal de televisão, mas a cara de bunda só desaparece com a cerveja a caminho. Vai ver no final é isso: a La Red quer que os chilenos abandonem a cara de bunda, mas parece que se for para fazer isso assistindo tevê, será necessário um reforço alcóolico.

southpark
bunda

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Sabedoria nas redes: projetos de autoajuda ganham o mundo

Quem já não curtiu, compartilhou ou guardou pra si alguma das tantas palavras de sabedoria que parecem ter tomado conta da internet nos últimos tempos? Estamos cada vez mais buscando ajuda para lidar com questões de amor, trabalho, autoestima e tantas outras no ambiente em que mais nos sentimos seguros, ou seja, online?

Autoajuda não é o termo mais curtido do mundo, mas o estamos consumindo todos os dias, por todos os cantos, como vemos nos três projetos abaixo:

Emergengy Compliment

A Society6, uma galeria de arte online, criou essa necessária ferramenta para quem precisa de um momento de consolo, das palavras certas e de um carinhoso tapinha nas costas.

Community Advice

Qual conselho você daria para o seu “eu” de 8 anos? E para o seu “eu” de 80? A artista Susan O’Malley fez essas perguntas a 100 moradores de Palo Alto, obtendo respostas que vão de “Nunca minta” à “Aproveite o cabelo enquanto você ainda tem”. Os conselhos foram transformados em posters e espalhados pelo coração do Vale do Silíco. O projeto de arte, realizado em conjunto com o Centro de Arte de Palo Alto, tenta fazer a sociedade refletir em torno dos conselhos que dá e que ouve diariamente.

Autoajuda do dia

Projeto brasileiro realizado pela Contente, faz uma compilação de frases e textos que “tem muito a dizer pra gente, sobre a gente”. Contando com uma produção autoral, feita colaborativamente por designers, escritores, fotógrafos e artistas convidados, o resultado são posters que inspiram tanto pelas palavras quanto pelo design.

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Braincast 6 – Não alimente os trolls: Como lidar com idiotas na internet

No Braincast dessa semana, uma criatura que persegue nossa vida online desde que o primeiro byte viajou por entre um computador e outro: os trolls. Resumindo, aqueles que fazem papel de idiota em público na internet e caçam motivo para reclamar e tirar sarro. Mas também temos que convir, todos nós, em algum momento, já trollamos algo ou alguém.

Contamos também algumas histórias do “Seu Abel” – o cliente nosso de cada dia – enviadas pelos nossos leitores, que participaram via Facebook, e também os anúncios da revista Veja.

Nesta edição: Carlos Merigo, Saulo Mileti, Ronaldo Tavares, Jairo Herrera e a volta dele, que esteve em todos os Braincasts do passado, o magnânimo Cris Dias.

[1m27] Comentando os comentários
[54m30] Comentando os anúncios da revista Veja
[1h00m30] A Borracharia do Seu Abel
[1h08m40] Esse eu indico
[1h12m10] Qual é a boa?

Críticas, elogios, sugestões para braincast@brainstorm9.com.br ou no facebook.com/brainstorm9.

Dê o play acima ou faça o download no nosso perfil do Soundcloud.

Feed: feeds.feedburner.com/braincastmp3 / Adicione no iTunes

Quer ouvir no seu smartphone via stream? Baixe o app do Soundcloud.

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SOPA: Começou a briga do século

Os tempos mudam depressa, as leis não. Agora parece que as indústrias da música e do cinema resolveram movimentar sua máquina de lobby na tentativa de nadar para a praia e não morrer afogadas. E você pensa: finalmente vão adaptar seu modelo de negócio para as demandas atuais. Não é bem assim.

Você já deve ter ouvido falar do SOPA (Stop Online Piracy Act – lei de combate à pirataria) que está em discussão nos EUA. As águas andam turbulentas para a indústria da criatividade há mais de 10 anos.

Sem entrar no mérito polêmico da propriedade intelectual, assunto muito mais complexo, vou me limitar a dizer que as empresas fortemente ancoradas na propriedade intelectual talvez tenham que levar em conta a mudança cultural que está se formando há um tempo considerável. Basta lembrar que a regulação da propriedade intelectual está fortemente ligada à propriedade industrial (no Brasil, feita pelo INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial). Ou seja, são leis da época da Revolução Industrial, para proteger propriedade das indústrias.

É aí que se desenha o cenário inusitado. Antes, a movimentação era unilateral, as técnicas mercadológicas empurravam a demanda e forçavam benefícios da legislação com uma força incomparável – e restava aos cidadãos contestarem na mesma moeda, se quisessem, a Justiça. Agora, meu amigo, você pode entrar na jogada de várias novas maneiras, seja fazendo e vendendo seu produto, seja financiando seu desejo ou ajudando a criar uma onda para equilibrar o mercado.

A evolução da rede proporciona cada vez mais ferramentas para contrapor a movimentação de mercado das grandes empresas. E o mais interessante é que até algumas delas sentem a corrente mudar e tomam partido. A coisa começou a ficar séria.

Se as novas ferramentas usam a multidão, que usa o que está disponível na internet, seria o SOPA o primeiro golpe por parte das empresas no ganho de força dos consumidores?

No caso do SOPA, surgiu um contramovimento muito forte de usuários que não concordam com a lei, junto de várias empresas de peso, como Google, Paypal e Aol. E não é brincadeira não, segundo o The Next Web, o Go Daddy viu milhares de usuários questionarem a posição da empresa sobre legislação. Como app é pop, não demorou a surgir um que escaneia códigos de barras e lista os produtos de empresas que são a favor da lei, o Boycott SOPA.

Como os consumidores e as marcas vão lidar com essa transferência de poder? A briga vai ser boa.

Mas que fique claro: dizer que o mar não tá para peixe pra indústria da música e do cinema é muito diferente de dizer o mesmo da música e do cinema. Navegar é preciso.

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Ford: Your Ideas

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Após mergulharmos na era do intangível (mudança proporcionada basicamente pelo advento da web) emergiu a democratização da informação e a transferência de poder para o consumidor. Essa “revolução” transformou as relações no mundo das marcas.

Como base principal destas novas práticas de relacionamento, está a importância da transparência.  Transparência entre marca x consumidor.

Dia após dia, essa tendência só se solidifica, ganhando cada vez mais adeptos.

Numa estratégia similar ao My Starbucks Ideas (uma referência de sucesso), a Ford dos Estados Unidos resolveu estreitar o contato com seus consumidores ao apostar em uma nova ferramenta social online: Your Ideas.

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Visitando o portal da montadora americana, os consumidores podem enviar sugestões de tópicos livres, ou participar de enquetes pré-determinadas. (O Autoblog listou alguns dos temas na qual a Ford espera receber feedbacks de seus consumidores engajados em contribuir com soluções para um futuro mais sustentável e menos problemático, nos mais diversos âmbitos).

Transparência também é sinônimo de prevenção. Portanto, para a Ford dos Estados Unidos, uma marca que está sempre pronta para conversar com seu público-alvo através das mídias sociais, este tipo de tática só enaltece sua reputação, a troca de confianças e a previne de problemas que futuramente poderão surgir. Hoje, transparência é premissa.

Womanity

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Em parceria com o MSN, a Thierry Mugler, marca feminina do Clarins Fragrance Group, lançou o Womanity, um belo site disponível em seis idiomas, inclusive português-BR, que propõe a troca de idéias sobre o que é ser mulher nos dias de hoje.

Aliando conteúdo e interatividade, parece ser uma estratégia interessante para essa marca que quer se aproximar do público jovem.

Serviço, conteúdo, relevância e ponto final

Estratégias de marketing que enupliv_nyt.jpgvolvem o relacionamento com os consumidores, só se tornam efetivas quando há relevância.

Apesar de ela estar um pouco desgastada, a palavra ‘relevância‘ continua desempenhando um papel fundamental.

Vejamos uma boa idéia implantada pela Johnson & Johnson.

Trata-se de uma plataforma de conteúdos especializados para auxiliar no combate ao stress, criado exclusivamente para mulheres (residentes nos Estados Unidos).

O Upliv fornece artigos escritos por especialistas de renome, dicas e exercícios práticos, além de uma linha exclusiva de cosméticos com propriedades relaxantes.

As interessadas em obter um apoio para melhorar seu bem-estar, precisam apenas se inscrever no site e definir os pacotes de acesso ilimitado ao serviço.

Em tempos onde o marketing e a publicidade tradicional não tem a mesma força e importância de antes, se apoiar em três pilares, como serviço, relevância e conteúdo, concede à marca novas chances de fortalecer sua presença na vida das pessoas.

Blogueiros hospedam desfile 3D da Burberry

Conforme acompanhamos constantemente, empresas do mundo inteiro recorrem à tecnologia 3D com o intuito de gerar uma experiência mais lúdica ao seu público.

Para garantir a ampla audiência de seu desfile Outono-Inverno 2010/11, realizado no tradicional London Fashion Week, a Burberry selecionou 70 influentes blogueiros de moda para hospedar um livestream, filmado diretamente do evento.

O evento foi transmitido agora a pouco usando a tecnologia 3D – o que torna a Burberry a primeira marca do mundo a transmitir um desfile ao vivo em 3D.

Blogueiros são vistos como um suporte importante, mas não só para a indústria da moda. Principalmente porque são mais rápidos, acessíveis e carregam consigo uma notável influência.

Confira acima um comunicado especial do CCO da Burberry, Christopher Bailey, convidando os leitores do The Daily Beast, um dos blogs selecionados, a acompanhar a transmissão ao vivo do desfile.

Scion Toyota testa plataforma musical integrada ao iTunes

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Algumas vezes mencionada no ADivertido (aqui e aqui), a Scion é uma subsidiária da Toyota dos Estados Unidos voltada para um público mais jovem.
A força do seu target possibilita criar iniciativas inimagináveis para uma marca da categoria automobilística.
Desde 2002 a marca aposta em três grandes pilares: arte, música e comportamento.
Nessa semana apresentou sua nova plataforma, a Scion Audio Visual (Scion A/V).

A plataforma é constituída por uma série de vídeos musicais de gravadoras independentes, através de uma variedade de gêneros como metal, hip-hop e electro, que serão distribuídos pelo iTunes, canais de mídias sociais e pelo recém lançado site ScionAV.com. Alguns vídeos também serão postados no Vimeo e oferecidos em DVDs promocionais.

O novo ScionAV.com dispõe de um streaming de música e vídeo chamado “Scion Rádio 17“, uma espécie de branded online radio com músicas indie bem novas. A novidade não acaba aqui. A Scion ainda lançou um aplicativo mobile chamado Scion AV Radio. Ele pode ser baixado na Apple App Store. O aplicativo gratuito oferece acesso a todo conteúdo do ScionAV.com.

Criar uma afinidade com os jovens é tarefa empolgante para a Scion. Há um universo ‘lifestyle’ definitivamente carimbado no seu DNA.

The Cube Store, a ‘pop-up store’ da Nissan

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Após cativar os japoneses com o seu design arrojado, a terceira geração do Nissan Cube chegará à Europa no início do próximo ano.
Dentro de sua estratégia promocional, a Nissan está abrindo lojas temporárias, popularmente conhecidas como ‘pop-up stores’, em Londres, Paris e Berlim, desenhadas para refletir o curioso e moderno desenho do carro japonês.
Em todos os lugares onde a loja está instalada, haverá exposições de arte, festas, eventos e performances musicais, tornando-se um novo e experimental ponto de encontro entre consumidores e artistas, e um intercâmbio vivo entre o ocidente e o oriente.
As ‘pop-up stores’ foram desenhadas por famosos arquitetos e decoradores europeus, e os carros, expostos nas “Cube Stores’, se impõem como uma peça de arte, muito mais do que um simples automóvel.

Os consumidores podem conhecer a agenda e todas as festas, além de poder colaborar com a programação das ‘pop-up stores’ através do site: www.cubelist.co.uk.
Assista abaixo uma vídeo-reportagem direto da inauguração da loja londrina:

Mais do que agregar vendas, o principal objetivo das ‘pop-up stores’ é gerar buzz em torno da marca. Elas não só chamam a atenção da mídia, como criam um novo entusiasmo e proporcionam uma nova experiência ao consumidor. Em um molde parecido de ‘brand experience’, a Knorr também começou a apostar em seus espaços físicos.
Este tipo de iniciativa também é utilizada para demonstrar um sinal de vitalidade e inovação ao mercado.
Geralmente as pop-up stores são criadas para lançar uma nova coleção ou vender produtos em edição limitada.